IImagine abrir sua carteira e descobrir que o dinheiro que você tem vale menos do que ontem. Este é o efeito invisível, mas poderoso, da inflação – um fenômeno que silenciosamente dilui o valor do seu suado dinheiro.
Inflação é o aumento generalizado dos preços de bens e serviços em uma economia. Quando o nível geral de preços aumenta, cada unidade de moeda compra menos bens e serviços; consequentemente, a inflação corresponde a uma redução do poder de compra do dinheiro.
De acordo com o IBGE, a inflação total entre 2018 e 2022, somando as taxas anuais de IPCA para cada um desses anos, foi de 28,43%. Já o ano de 2023 foi de 4,62%.
Mas o que realmente impulsiona esse aumento persistente dos preços que afeta tudo, desde o café da manhã até o custo de uma casa?
Qual a origem da inflação?
A origem da inflação está diretamente ligada a fatores históricos e econômicos complexos que afetaram diversas nações ao longo do tempo. No Brasil, um dos períodos mais críticos ocorreu entre as décadas de 1980 e 1990, quando o país enfrentou uma hiperinflação devastadora (fonte: Senado Federal).
Esse fenômeno teve suas raízes na crise internacional do petróleo de 1979, que levou a uma alta global nos preços do petróleo e, consequentemente, a uma inflação significativa nos Estados Unidos. Para conter essa inflação, o Federal Reserve (Banco Central Americano) aumentou as taxas de juros, o que teve efeitos em cascata em economias ao redor do mundo, incluindo o Brasil.
Durante esse período, o Brasil contraiu uma dívida externa considerável para financiar tanto empresas estatais quanto a indústria privada. No entanto, as políticas econômicas adotadas para assegurar o pagamento dessa dívida, como cortes de gastos públicos e desvalorizações cambiais, acabaram exacerbando a inflação interna.
Esse cenário de descontrole inflacionário foi interrompido apenas em 1994 com a implementação do Plano Real, que estabilizou a moeda e trouxe a inflação para níveis controlados, encerrando um longo período de crise econômica e social.
Essa trajetória demonstra como a inflação não é apenas um fenômeno econômico isolado, mas sim o resultado de interações complexas entre políticas internas e externas, crises internacionais e decisões econômicas.
Quais são as causas da inflação?
A inflação pode ser impulsionada por diversas razões, categorizadas em quatro principais grupos:
- Aumento na demanda;
- Elevação nos custos de produção;
- Inércia inflacionária e expectativas de inflação;
- Aumento na emissão de moeda.
Esses fatores podem manifestar-se tanto a curto prazo quanto a longo prazo, com efeitos contínuos ao longo de meses ou até anos. É raro que a inflação seja atribuída a uma única causa, geralmente resultando de uma combinação de fatores (fonte: Infomoney).
Aumento na demanda
Quando a demanda por bens e serviços aumenta mais rápido do que a oferta, os preços tendem a subir. Isso pode acontecer, por exemplo, quando a população cresce ou quando há um aumento da renda disponível.
Quando há muitas pessoas querendo comprar um carro novo, por exemplo, a tendência é que o preço do produto aumente. Essa situação pode se repetir quando existe muita disponibilidade de crédito na praça, porque quando as pessoas têm maior poder de compra, podem consumir mais e, assim, aumentar a demanda (fonte: Infomoney).
Aumento nos custos da produção
Esse tipo de aumento ocorre nos casos em que um insumo aumenta o seu preço. Quando isso acontece, o produto final também terá o seu valor alterado.
Isso pode gerar inflação porque o produtor, ao ver os custos maiores para fabricar seu produto, muitas vezes escolhe diminuir a produção para ter menos gastos, e menos desse produto em circulação pode não ser o suficiente para suprir a demanda existente (fonte: Politize)
Inércia inflacionária e expectativa de inflação
Isso ocorre quando a inflação passada gera uma expectativa de inflação futura. Assim, uma inflação anterior elevada ou a expectativa de que ela volte a aumentar vai gerar um processo contínuo de inflação. Os comerciantes, por exemplo, podem elevar o preço dos produtos para se “adiantarem” caso os preços voltem a subir (fonte: Politize).
Aumento de emissão de moeda
O aumento de emissão de moeda é uma das principais causas da inflação. Quando o governo ou o Banco Central emite mais moeda, a oferta de dinheiro na economia aumenta. Com mais dinheiro em circulação, as pessoas têm mais poder de compra e, consequentemente, demandam mais bens e serviços. Se a oferta desses bens e serviços não aumentar na mesma proporção, os preços tendem a subir.
Quando a inflação é um problema?
De acordo com o portal Politize, a inflação se torna problemática quando sua taxa de aumento ultrapassa a capacidade de absorção da economia. Em países em desenvolvimento, algum nível de inflação é comum e, em certa medida, esperado, podendo impulsionar a economia à medida que o poder de compra aumenta. No entanto, o problema surge quando a inflação distorce os preços, superando o aumento do poder de compra da moeda.
Para aqueles que dependem de salários e precisam gastá-los imediatamente, a inflação impacta mais intensamente, impedindo investimentos para preservar o valor do dinheiro. Isso prejudica especialmente a parcela da população de baixa renda.
Além disso, a inflação contribui para o desemprego, pois os investimentos no setor produtivo diminuem, resultando em cortes de gastos e uma falta de criação de novos empregos.
Quais são as principais consequências da inflação?
Como já vimos, a inflação é o aumento generalizado dos preços de bens e serviços em uma economia. Quando o nível geral de preços aumenta, cada unidade de moeda compra menos bens e serviços. Consequentemente, a inflação corresponde a uma redução do poder de compra do dinheiro. A inflação tem diversos impactos negativos na economia, como:
- Redução do poder de compra: a inflação reduz o poder de compra das pessoas, pois elas precisam gastar mais dinheiro para comprar a mesma quantidade de bens e serviços. Isso significa que as pessoas têm menos dinheiro para investir, poupar ou consumir.
- Desvalorização da moeda: a inflação desvaloriza a moeda, pois cada unidade de moeda compra menos bens e serviços. Isso significa que os produtos importados ficam mais caros e os investimentos no exterior se tornam menos atraentes.
- Instabilidade econômica: a inflação pode levar à instabilidade econômica, pois pode dificultar a tomada de decisões de investimentos e de consumo. Isso pode levar a uma redução da produção e do emprego.
Como é feito o cálculo da inflação?
O cálculo da inflação no Brasil é realizado através de índices que medem a variação dos preços de uma cesta de bens e serviços representativa do consumo das famílias. Como vimos anteriormente, o principal índice utilizado é o IPCA, que é calculado mensalmente pelo IBGE. Esse índice compara os preços atuais dos produtos com os preços em um período anterior, refletindo a variação percentual.
De acordo com o portal Agência Brasil, se o preço de um item aumenta de um mês para o outro, essa diferença é capturada no índice, contribuindo para o cálculo da taxa de inflação do período. O resultado final reflete o aumento ou diminuição do custo de vida, impactando o poder de compra da população e orientando políticas econômicas.
Por que existem tantos índices de inflação?
Existem diversos índices de inflação porque a variação dos preços não afeta todas as pessoas da mesma forma. Diferentes grupos populacionais, com diferentes padrões de consumo e em diferentes regiões, experimentam a inflação de maneiras distintas.
Por isso, cada índice de inflação foi criado para capturar essas variações específicas, proporcionando uma visão mais precisa do impacto econômico sobre diferentes segmentos da população. Confira:
- IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna): Calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mede a inflação em todas as etapas da produção, desde as matérias-primas até os produtos finais. É utilizado para ajustar preços de contratos como telefonia;
- IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado): Também pela FGV, é semelhante ao IGP-DI, mas com uma periodicidade diferente. É amplamente utilizado na correção de aluguéis e tarifas de serviços públicos;
- IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo): Calculado pelo IBGE, reflete o custo de vida de famílias com renda entre 1 e 40 salários-mínimos nas principais regiões metropolitanas do Brasil;
- INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor): Semelhante ao IPCA, mas focado em famílias com renda entre 1 e 5 salários-mínimos, capturando o impacto da inflação sobre grupos de menor renda;
- IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal): Mede a variação de preços semanalmente, considerando itens essenciais como alimentos e produtos de limpeza, refletindo mudanças rápidas no custo de vida;
- IPC-Fipe: Calcula semanalmente a inflação em São Paulo para famílias com renda entre 0 e 10 salários-mínimos, focando em uma das maiores cidades do país.
Como é feito o seu controle?
O controle da inflação é uma meta prioritária do Banco Central do Brasil e de muitos países, sendo frequentemente realizado por meio de políticas monetárias. No entanto, o governo e o Banco Central enfrentam desafios para exercer controle absoluto sobre a inflação, especialmente quando fatores externos, como variações na cotação do dólar, impactam os custos de produção em setores específicos.
A Política Monetária é uma ferramenta chave para controlar a inflação de demanda. Em momentos de excesso de demanda, o Banco Central pode adotar medidas restritivas, como o aumento da taxa básica de juros, desestimulando o consumo e equilibrando a demanda na economia.
Além disso, o governo pode intervir diretamente em setores controlados, como energia e combustíveis, para evitar aumentos significativos de preços. O ajuste de taxas de juros também é uma estratégia eficaz, pois torna o crédito mais caro, desencorajando o consumo e o investimento, embora isso possa afetar o crescimento econômico e exigir uma cuidadosa consideração por parte do Banco Central (fonte: Suno).
Quem ganha com a inflação?
Segundo o portal Forbes, a inflação pode trazer alguns benefícios, desde que mantida dentro de uma meta controlada. Quando os preços sobem, a arrecadação de impostos, como o ICMS, também aumenta, gerando mais receita para o governo.
Isso foi claramente observado em 2020, quando a arrecadação de ICMS pelos estados cresceu significativamente devido ao aumento da inflação, impulsionado pela alta das commodities e os impactos econômicos da pandemia.
Além disso, a desvalorização da moeda beneficia devedores, como o próprio governo, que vê o custo real de sua dívida diminuir. Com a inflação em alta, o governo federal também pode ajustar o teto de gastos, ampliando seu orçamento para o ano seguinte.
Essa combinação de fatores permite que o governo invista em obras e projetos que, além de melhorar a infraestrutura, podem servir como vitrines eleitorais, tornando a inflação uma ferramenta que, paradoxalmente, traz vantagens fiscais e políticas ao governo.
Porém, é importante entender que o aumento de inflação também traz diversos prejuízos, tanto para a economia e quanto para a população.
Tem como reverter?
Reverter a inflação é possível, mas depende do tipo de inflação que a economia enfrenta.
Conforme orienta o portal Empiricus, quando a inflação é causada pelo excesso de demanda, ou seja, quando a demanda por bens e serviços supera a capacidade de produção, o governo pode adotar medidas para desacelerar a economia. A principal estratégia é aumentar a taxa básica de juros, como a Selic, o que torna o crédito mais caro e reduz o consumo, ajudando a equilibrar a demanda com a oferta disponível.
Por outro lado, se a inflação é resultado do aumento dos custos de produção, como altos salários ou custos elevados de matérias-primas, a solução é mais complexa. Nesse caso, reduzir a demanda pode ser prejudicial, pois pode levar a uma recessão. Em vez disso, é necessário buscar soluções que aliviem os custos, como políticas que aumentem a eficiência produtiva ou incentivem a competitividade.
Qual é a taxa de inflação do Brasil?
Atualmente, a taxa de inflação acumulada em 12 meses no Brasil está em 3,9%, uma redução em comparação aos 4,5% registrados em fevereiro. No entanto, a inflação de serviços, embora tenha diminuído, ainda permanece alta. As projeções para os próximos anos indicam um aumento das expectativas de inflação, com previsões de 4,0% para 2024 e 3,4% para 2025 (fonte: Banco Central do Brasil).
Essas projeções são influenciadas por diversos fatores, incluindo a inflação global e o comportamento dos preços dos serviços no Brasil. Para controlar a inflação, o Banco Central tem mantido uma política monetária contracionista, ajustando as taxas de juros para conter a alta dos preços.
Esse controle é vital para garantir a estabilidade da economia brasileira, preservar o poder de compra da população e fomentar o crescimento econômico sustentável no país, apesar das incertezas globais que podem impactar essa trajetória.
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