O que esperar do mercado de trabalho e das profissões até 2030

Karina Franchini

Artigo escrito por Karina Franchini – mestra em Direito Penal Econômico, doutora em Educação – Head de Ensino Superior do Grupo SEB

Vi recentemente o “Estudo Panorama das Carreiras 2030, da TOTVS, no qual eles projetam as principais tendências profissionais para o restante da década.

Como a ponta final do ensino superior é o mercado de trabalho, e nossas instituições no Grupo SEB focam na empregabilidade, considero que vale muito a pena compartilhar, ao longo deste texto, alguns insights que me chamaram atenção.

Relação de trabalho na atualidade

Quero começar abordando como está a relação de trabalho atualmente na percepção dos entrevistados, dos quais 91% são formados no ensino superior e quase a metade já cursou uma pós-graduação.

A maioria possui experiência, com mais de 10 anos de carreira desde que saíram da faculdade, e é legal ver que um terço é formado por mulheres que atuam em negócios de inovação e tecnologia.

Remoto x Presencial

No centro do debate empresarial, hoje, está o modelo de trabalho, com o mercado rachado entre defensores do remoto e do presencial. 

Se por um lado o remoto se provou bastante funcional, as grandes empresas, agora, já retornaram ao modelo físico, pelo menos em uma proposta híbrida, com alguns dias da semana de escritório e outros, não.

Motivação

Ao mesmo tempo, cresce a preocupação dos gestores em relação à retenção de talentos, e entender o que as pessoas buscam em uma companhia pode ajudar nesse sentido.

Sem considerar motivações financeiras, o propósito pessoal vem no topo do ranking e deve estar alinhado ao da instituição. Outros aspectos citados, em ordem de menções, são:

  • Cultura;
  • Clima; 
  • Life Balance;
  • Anywhere Office (trabalho remoto);
  • Colegas de trabalho.

Os itens acima devem estar no radar dos colaboradores, dos líderes e, principalmente, dos universitários, que têm como objetivo, claro, a inserção em um mercado de trabalho em constante evolução.

Quais são os líderes que inspiram os profissionais hoje?

A pergunta acima também foi feita aos entrevistados do estudo. E a resposta é que não há mais poucos nomes no mercado de trabalho, nacional e também de fora, que inspirem a quase todos ao mesmo tempo.

Diversidade

Os modelos a serem seguidos, atualmente, são mais diversos, muito graças às redes sociais, que aumentam as vitrines e, consequentemente, ampliam o número de profissionais de sucesso que se expõem nelas.

Das pessoas que responderam à pesquisa, 15% não souberam nem sequer mencionar um nome de bom líder.

Dos que conseguiram, a maioria citou empreendedores entre os mais bem-sucedidos do mundo, como Elon Musk, Steve Jobs e Bill Gates, mas também foram lembrados empresários e gestores dos próprios entrevistados, líderes com os quais eles convivem diariamente.

É curioso ver que, em uma segunda prateleira, aparecem pais, parentes e amigos, aqueles que nos inspiram mais diretamente na vida cotidiana.

O que essas respostas representam, para mim, é que a visão de liderança hoje é pulverizada, com múltiplas inspirações inseridas em cada nicho do mercado de trabalho, com muitos nomes para cada setor.

Com os canais digitais cada vez mais democráticos e globais, é impossível ter um representante para todo mundo, capilarizando os profissionais de destaque em escalas menores até mesmo dentro dos próprios setores.

As lideranças hoje são muitas, e isso é extremamente positivo. É por meio do debate e de abordagens variadas que construímos o progresso, inclusive no contexto da educação.

Você precisa desenvolver mais soft ou hard skills no curto prazo?

Outra questão levantada foi a de como o mercado vê a necessidade de equilibrar habilidades técnicas com as socioemocionais.

De modo geral, a maioria das pessoas ainda acredita que as hard skills são mais importantes, já que são elas que formam as bases das competência na carreira. E, aqui, tecnologia puxa a fila de desejos de aprimoramento em todos os ramos

Cresce, contudo, o valor que empresas e trabalhadores atribuem também às soft skills, e é curioso ver ainda que os números nesse âmbito variam um pouco a depender de cada área.

Nos setores de marketing, vendas, finanças e tech, os profissionais estão de olho na gestão de pessoas, com comunicação e inteligência emocional disputando o segundo lugar. Já em RH, as habilidades de liderança são as preferidas.

O mais interessante é notar que todos os entrevistados citaram pelo menos uma opção para cada forma de skills, comprovando as tendências dos últimos anos que agora se consolidam.

Combinação de habilidades

Um profissional completo é feito por competências hard e soft, e esse desenvolvimento precisa ser estimulado já durante a formação acadêmica.

Em nossas instituições de ensino superior, oferecemos uma grade curricular técnica de excelência nas especificidades de cada área.

Mas também fazemos questão de cercar os alunos com conteúdos diversificados, com podcasts, o próprio blog, eventos presenciais e online e a possibilidades de cursos complementares para adquirirem as principais soft skills do momento.

É no equilíbrio entre essas duas frentes que conseguimos nos destacar significativamente nas taxas de empregabilidade dos egressos, sempre com foco na capacitação prática.

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Você tem medo da Inteligência Artificial?

As tecnologias de IA generativa já estão presentes no dia a dia de trabalho no que, certamente, é um caminho sem volta.

Por isso, aceitá-las para potencializar a própria carreira por meio da IA é a chave do sucesso no mercado daqui em diante.

Maioria não tem receio

68% dos entrevistados disseram não temê-la, completando que ainda não conseguem ver impactos negativos dos softwares na carreira. A percepção, para a maioria, é de que tratam-se de ferramentas consideradas aliadas e não inimigas.

Para os 32% que alegaram ter certo medo, as principais razões para isso são:
– Impacto na força de trabalho humana: 13%
;
– Não saber se adaptar: 5%
;
– Receio da falta de ética/Resultados enviesados: 4%;
– 
Ser dependente da IA para executar/analisar: 4%
;
– Perder o toque/visão humana nas interações: 3%
;
– Crescimento descontrolado da IA: 2%
;
– 
Tem, mas não souber dizer: 2%
.

Embora 90% dos profissionais tenham respondido não ter medo de perder o emprego por conta da Inteligência Artificial, o relatório conclui que setores mais operacionais tendem a ser mais suscetíveis à substituição por IA no curto prazo.

Quais as profissões mais importantes no Brasil para os próximos anos?

Dois setores saem à frente quando o assunto é projetar as principais áreas de atuação no país até o final desta década: tecnologia e saúde.

No horizonte do mercado de trabalho brasileiro, projeta-se uma mudança significativa nas demandas profissionais, impulsionada pela ascensão de novas tecnologias e pela crescente conscientização sobre saúde mental no pós-pandemia.

Carreiras mais citadas

Entre as profissões mais promissoras e necessárias citadas nas respostas dos entrevistados pelo estudo, destacam-se os analistas e cientistas de dados, com 33% das menções, responsáveis por extrair insights valiosos a partir de conjuntos complexos de informações.

As oportunidades na área da saúde mental (30%) também estão em evidência, refletindo a conscientização crescente sobre o bem-estar psicológico no ambiente de trabalho e na vida pessoal/social.

O top 5 da lista segue com:

  • Especialistas em Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina (os mesmos 30% de saúde mental);
  • Analista de Segurança da Informação (27%);
  • Analista de Inteligência de Negócios (22%).

Outras opções

Embora tecnologia, saúde e gestão de negócios liderem o ranking, há diversas possibilidades para carreiras mais tradicionais e extremamente vitais para a sociedade, como, por exemplo, engenharias, direito, finanças e comunicação, entre outras, sempre com alta demanda no mercado.

Você está de olho no futuro do seu setor? Compartilhe nos comentários e vamos continuar essa conversa no meu LindedIn.