A Faculdade de Medicina da USP, após 110 anos de história, empossou agora, no final de 2022, a primeira diretora mulher. Um marco não só para a instituição e, exatamente por isso, fez reacender o tema das mulheres na liderança.
Eloisa Silva Dutra de Oliveira Bonfá é uma mulher com uma história de conquistas pessoais importantes e que reflete nas conquistas das mulheres de forma ampla. Antes desse cargo inédito, ela também foi a primeira mulher diretora do Hospital das Clínicas.
No final do ano passado, a OAB-São Paulo elegeu a primeira presidente mulher em mais de 90 anos de instituição.
Nas eleições de 2022 no Brasil, tivemos dois estados que elegeram suas primeiras governadoras mulheres. São elas: Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Raquel Lyra (Pernambuco).
O número de mulheres que assumirão vagas de deputadas federais na próxima legislatura aumentou 18,18% em comparação com o número de representantes eleitas em 2018. No Senado Federal, porém, houve queda no percentual de senadoras que tomarão posse no dia 1° de fevereiro de 2023 em relação a 2019.
Nas assembleias legislativas, o total de mulheres ocupando cadeiras subiu de 163 em 2018 para 190 em 2022.
A eleição de 2022 trocou apenas um terço do Senado, ou seja, apenas 27 cadeiras. Só quatro eleitas são mulheres. Elas irão dividir espaço com outras 10 que cumprem mandato até 2027. Assim, serão 14 de um total de 81 senadores, ou 17,3% da Casa Alta.
De forma geral, nas candidaturas para todos os cargos, a eleição de 2022 bateu recordes de candidaturas de mulheres. Um avanço a ser considerado.
Porém, ainda a real diferença no mercado de trabalho entre homens e mulheres faz, obviamente, com que a chegada delas nos cargos de liderança já seja prejudicada de início. Ainda, na maior parte das empresas do mundo, a escolha entre um homem e uma mulher para um cargo de liderança já possui resultado certo. Podemos até dizer que, na maioria das vezes, nem chega a ser uma escolha.
Por exemplo, das empresas na Fortune 500, apenas 46 possuem mulheres na liderança.
A Fortune 500 é uma lista anual compilada e publicada pela revista Fortune que contém as 500 maiores corporações dos Estados Unidos por receita total em seus respectivos anos fiscais.
Mesmo sendo menos de 10%, diante do zero que já existiu em algum momento da história, esse número deve ser considerado um avanço.
No Brasil, uma pesquisa feita nas startups diz que, das 100 maiores, apenas 5% delas são lideradas por mulheres.
Uma Startup é uma empresa nova com um modelo de negócios escalável, repetível e uma ideia inovadora que provoca impacto na sociedade, seja com um produto ou um serviço que resolve um problema.
Pensando que são o tipo de empresa mais atual existente, vemos como, ainda, independentemente do tipo de empresa e de sua forma de criação e atuação, a disparidade entre a atuação de homens e mulheres nos cargos de liderança é clara e nítida.
Todos esses avanços mostrados nos exemplos das conquistas dessas grandes mulheres retratam os avanços, mas mostram também o quanto ainda é necessário avançar.
Muitas são as questões práticas que fazem com que as mulheres no mercado de trabalho não conquistem seus lugares, levando em conta somente suas habilidades. Toda mulher que é mãe e já fez uma entrevista de emprego, já teve que responder com quem seu filho ficaria ou como é a sua rede de apoio, por exemplo.
Pergunta vista como inofensiva e feita em grande parte por outras mulheres, mas que pode ser usada para retratar a realidade em que ainda as mulheres se encontram no mercado de trabalho.
Aplaudamos as conquistas dessas mulheres citadas no início do artigo e de tantas outras que poderiam ser usadas de exemplo. Mas aplaudamos também todas as mulheres que, no dia-a-dia de seus trabalhos, precisam provar sua competência e mérito.
Não é somente no Dia Internacional da Mulher que devemos falar sobre esse tema, é todo dia e em todos os contextos.