Ainda existe diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho?

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Curioso ou curiosa para saber se ainda existe diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho? Antes, vamos entender um pouco mais sobre a participação das mulheres como força de trabalho formal. Historicamente, as mulheres sempre desempenharam papéis fundamentais em suas comunidades, mas sua presença no mercado de trabalho formal só ganhou destaque em momentos de grande ruptura, como as Guerras Mundiais. Durante esses períodos, a necessidade de força de trabalho abriu portas para que elas ocupassem posições antes reservadas aos homens. Esse movimento foi o ponto de partida para uma longa jornada em busca de equidade, que, apesar dos avanços significativos, ainda enfrenta muitos desafios no contexto atual.

De acordo com o portal Serasa Experian, a entrada das mulheres no mercado de trabalho ganhou força a partir das I e II Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945), período em que muitos homens deixaram suas ocupações para lutar nas frentes de batalha, abrindo espaço para que as mulheres assumissem novas responsabilidades profissionais. Desde então, a participação feminina no ambiente laboral evoluiu significativamente, mas a igualdade plena ainda está longe de ser alcançada.

Mesmo com maior escolaridade, as mulheres continuam enfrentando desafios no mercado de trabalho. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que elas representam uma menor parcela da força de trabalho e recebem, em média, 21% menos que os homens. Essa disparidade reflete não apenas questões salariais, mas também oportunidades limitadas em cargos de liderança e preconceitos estruturais (fonte: portal CNN Brasil).

Neste artigo, vamos explorar as razões por trás dessas diferenças, analisar as conquistas obtidas até hoje e discutir o que ainda precisa ser feito para garantir condições realmente equitativas entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

Quais as principais diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho?

Apesar dos avanços nas últimas décadas, as diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho ainda são notáveis em diversos aspectos. Embora as mulheres tenham conquistado maior espaço e possuam, em muitos casos, uma escolaridade superior à dos homens, elas ainda enfrentam barreiras para alcançar a verdadeira equidade.

Questões como desigualdade salarial, menor representatividade em cargos de liderança e desvantagens na conciliação entre vida profissional e pessoal continuam a impactar diretamente a carreira feminina.

Para entender melhor essas diferenças, é essencial analisar os dados recentes e suas implicações. Diversas pesquisas indicam que, apesar de avanços em alguns setores, as desigualdades permanecem expressivas, revelando a necessidade de ações mais eficazes e inclusivas para superar os desafios enfrentados pelas mulheres no ambiente de trabalho. Confira:

Desigualdade salarial

Segundo o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial, elaborado pelos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres, o cenário salarial no Brasil revela importantes diferenças entre homens e mulheres. Com dados de mais de 49 mil empresas que empregam cerca de 17,7 milhões de trabalhadores, o relatório expõe as disparidades salariais, mesmo em organizações que adotam planos de cargos e salários. A pesquisa destaca que, apesar da exigência de critérios como proatividade e capacidade de trabalhar em equipe, as mulheres ainda ganham significativamente menos.

Essa diferença é acentuada em ocupações de maior responsabilidade, como cargos de direção e gerência, onde a disparidade aumenta. Além disso, as interrupções na carreira feminina, devido à maternidade e ao cuidado de dependentes, impactam a progressão salarial. Critérios como horas extras e disponibilidade, mais frequentemente atingidos por homens, também influenciam nessa desigualdade.

Representatividade em cargos de liderança

A desigualdade entre homens e mulheres nos cargos de liderança é uma questão preocupante no mercado de trabalho. De acordo com o estudo do Instituto Ethos, enquanto as mulheres representam 58,9% das posições de estagiárias nas 500 maiores empresas do Brasil, apenas 13,6% delas ocupam cargos executivos (fonte: portal Zendesk). Isso reflete a dificuldade que as mulheres enfrentam em avançar para posições de liderança, mesmo com uma forte presença nas fases iniciais de suas carreiras.

Essa disparidade é um reflexo das barreiras estruturais e culturais que limitam o avanço feminino em posições de decisão. Promover a inclusão e a diversidade de gênero nos níveis mais altos de uma organização é essencial para garantir não só justiça, mas também um ambiente mais plural e enriquecedor para todos.

Conciliação entre trabalho e vida pessoal

Um dos principais desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho é a conciliação entre a vida profissional e as responsabilidades domésticas. De acordo com outra pesquisa do IBGE, as mulheres dedicam, em média, 21 horas semanais a afazeres domésticos, quase o dobro do tempo dedicado pelos homens, que somam cerca de 11 horas (fonte: portal Agência Brasil). Esse desequilíbrio cria o que é popularmente conhecido como “dupla jornada”, na qual as mulheres precisam equilibrar as exigências da carreira com as tarefas de cuidado da casa e da família.

Essa sobrecarga de responsabilidades impacta diretamente o desenvolvimento e a progressão da carreira feminina, uma vez que elas acabam tendo menos tempo e energia para investir em qualificação profissional, networking e outras atividades que poderiam impulsionar suas trajetórias.

Além disso, muitas mulheres optam por empregos de meio período ou flexíveis para atender às demandas familiares, o que frequentemente resulta em menores salários e oportunidades de crescimento. Essa situação reflete uma desigualdade estrutural que ainda persiste no ambiente de trabalho e na sociedade como um todo, e que precisa ser abordada com políticas públicas e empresariais voltadas à equidade de gênero.

E somente no Brasil é assim?

Mais de 25 anos se passaram desde a adoção da Declaração de Pequim pela ONU, um marco para promover a igualdade de gênero globalmente. Um dos principais focos dessa iniciativa, juntamente com a criação da ONU Mulheres, é a busca pela equidade no mercado de trabalho. No entanto, apesar de alguns progressos, as disparidades entre homens e mulheres ainda são evidentes em vários países.

Na União Europeia (UE), por exemplo, as mulheres ganham em média 12,7% menos por hora que os homens. As diferenças são significativas entre os Estados-Membros: enquanto a Estônia registra a maior disparidade (20,5%), o Luxemburgo conseguiu eliminar essa desigualdade. Em Portugal, a diferença é de 11,9%, abaixo da média da EU (fonte: Parlamento Europeu).

Esses dados demonstram que a desigualdade salarial entre homens e mulheres não é exclusividade do Brasil. Em muitos países, as mulheres continuam concentradas em empregos com salários mais baixos ou em regimes de trabalho parcial, o que afeta sua remuneração e segurança financeira no longo prazo. Além disso, fatores como a maior presença de mulheres em setores menos valorizados e a baixa representatividade feminina em cargos de direção agravam ainda mais essa disparidade.

O Parlamento Europeu tem adotado medidas para combater essa desigualdade, como a exigência de transparência salarial e a imposição de sanções a empresas que não cumprirem as novas regras. A implementação dessas ações é um passo importante, mas ainda há muito a ser feito para garantir uma equidade verdadeira em todo o mundo.

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10 profissões com maior diferença salarial entre homens e mulheres

Embora a desigualdade salarial entre homens e mulheres continue sendo um desafio em muitos setores, algumas profissões se destacam por apresentarem as maiores diferenças. Mesmo ocupando as mesmas funções, as mulheres recebem significativamente menos que os homens em várias áreas. De acordo com o portal Quero Bolsa, as 10 profissões com maior diferença salarial entre homens e mulheres são:

1. Trader

Os profissionais que atuam como traders, explorando a volatilidade do mercado financeiro, enfrentam uma das maiores disparidades salariais, com uma diferença de 31,57% entre os gêneros.

2. Gestão financeira

Na área de gestão financeira, que envolve o controle de finanças e investimentos empresariais, a diferença entre os salários de homens e mulheres é de 29,87%, com os homens ganhando consideravelmente mais.

3. Relações internacionais

Profissionais de relações internacionais, que lidam com negociações globais e análises de mercados, têm uma diferença salarial de 29,38% entre homens e mulheres.

4. Empresário

Os empresários no Brasil, que gerenciam negócios em diferentes setores, ganham também 29,38% a mais que as empresárias, refletindo uma grande disparidade entre os gêneros.

5. Assistente pessoal

Assistentes pessoais, que ajudam em tarefas administrativas e organizacionais, apresentam uma diferença de 24,09% nos salários, com as mulheres recebendo menos que os homens.

6. Bibliotecário

Os bibliotecários, que gerenciam e organizam acervos, também enfrentam uma diferença de 23,93% entre homens e mulheres, com os homens tendo salários superiores.

7. Meteorologista 

Na área de meteorologia, que envolve a análise de condições atmosféricas, a diferença salarial é de 19,10%, com homens recebendo mais que suas colegas mulheres.

8. Zootecnista

Os zootecnistas, responsáveis pela criação e manejo de animais, têm uma diferença de 18,86% nos salários entre homens e mulheres.

9. Bancário

No setor bancário, a diferença salarial entre homens e mulheres é de 18,16%, com os homens recebendo uma remuneração superior.

10. Comércio exterior 

Os profissionais de comércio exterior, que atuam em negociações internacionais, apresentam uma diferença salarial de 18,13%, novamente com os homens ganhando mais.

Esses números mostram que, em várias profissões, a desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é uma questão que precisa ser abordada para promover uma verdadeira equidade no mercado de trabalho.

A influência da maternidade na carreira das mulheres

A maternidade continua sendo um dos maiores desafios para a progressão na carreira das mulheres. Embora a sociedade tenha avançado em termos de igualdade de gênero, a chegada de um filho ainda representa um obstáculo significativo para muitas profissionais. De acordo com o portal Exame, grande parte das mulheres que se tornam mães enfrentam dificuldades para retomar o ritmo profissional após o período de licença-maternidade, o que pode comprometer promoções, aumentos salariais e até mesmo sua permanência no emprego.

As mulheres que optam por voltar ao mercado de trabalho rapidamente, muitas vezes encontram um ambiente pouco receptivo às suas necessidades, como flexibilidade de horário e políticas de suporte para balancear as demandas da vida familiar e profissional.

O conceito da “dupla jornada”, já explicado anteriormente, é uma realidade para muitas, limitando suas oportunidades de crescimento profissional e afetando diretamente sua saúde mental e qualidade de vida.

Outro ponto relevante é a diferença de percepção entre homens e mulheres em relação à paternidade e maternidade no ambiente de trabalho. Enquanto muitos homens são vistos como mais responsáveis e comprometidos após se tornarem pais, as mulheres, por outro lado, muitas vezes enfrentam preconceitos sobre sua dedicação ao trabalho, sendo erroneamente consideradas menos disponíveis ou eficientes. Essa percepção contribui para que as mães sejam preteridas em promoções e oportunidades de liderança.

Impactos das políticas públicas na igualdade de gênero no mercado de trabalho

As políticas públicas desempenham um papel primordial na promoção da igualdade de gênero no mercado de trabalho. No Brasil, o governo federal tem implementado diversas iniciativas para garantir que as mulheres tenham acesso a direitos iguais, oportunidades e proteção contra discriminação e violência. Essas ações incluem a criação de leis e programas que buscam não só promover a equidade salarial, mas também assegurar que as mulheres possam desenvolver suas carreiras sem os obstáculos adicionais impostos por desigualdades estruturais.

A implementação dessas medidas tem sido um passo importante, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para alcançar uma verdadeira igualdade de gênero no ambiente de trabalho.

Além de promover mudanças no mercado de trabalho, muitas dessas políticas também são voltadas para o apoio às mulheres em situação de vulnerabilidade, como o Pacto Nacional de Prevenção ao Feminicídio e as Casas da Mulher Brasileira, que fornecem suporte psicológico, jurídico e social para vítimas de violência. No entanto, no âmbito trabalhista, a aprovação da Lei da Igualdade Salarial e a criação de programas de incentivo ao empoderamento econômico são algumas das iniciativas que visam melhorar a vida profissional das mulheres (fonte: portal Agência Gov).

O papel das leis trabalhistas na redução das disparidades

As leis trabalhistas são fundamentais para reduzir as disparidades de gênero no ambiente de trabalho. A aprovação da Lei da Igualdade Salarial, por exemplo, estabelece que homens e mulheres devem receber remunerações iguais ao exercerem funções equivalentes. Essa medida busca corrigir a histórica desigualdade salarial entre os gêneros e garantir que as mulheres não sejam penalizadas financeiramente por desempenharem as mesmas funções que seus colegas homens.

Outro aspecto importante da legislação é o incentivo à transparência salarial, que obriga empresas a divulgar os critérios de remuneração, permitindo maior fiscalização por parte de órgãos competentes. Além disso, a criação de mecanismos de fiscalização e multas para empresas que não cumpram as normas de igualdade salarial são formas de garantir que a lei seja efetiva na prática.

Essas políticas são complementadas por programas que incentivam a inclusão de mulheres em cargos de liderança e funções de alta responsabilidade, promovendo não apenas a igualdade salarial, mas também a equidade de oportunidades dentro das empresas.

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