Ainda existe diferença salarial racial?

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Alguns lerão esse título e pensarão por que ainda este tema e outros tantos dirão que, obviamente, ele ainda está presente. 

Isso porque, infelizmente, uma grande parte da população, principalmente os que não vivenciam essa realidade, não possui consciência sobre o fato. E isso não ocorre somente no caso das diferenças no mercado de trabalho entre pessoas de diferentes raças, mas também com diferenças de gênero. 

Aliás, se quiser saber mais sobre o tema de diferenças no mercado de trabalho entre homens e mulheres, leia este artigo: 

https://www.unidombosco.edu.br/blog/ainda-existe-diferenca-entre-homens-e-mulheres-no-mercado-de-trabalho/ 

Exatamente devido ao fato de existir a diferença salarial racial, e muitos não terem essa consciência, é que é importante falar sobre o tema. 

De acordo com as pesquisas do IBGE, a diferença salarial racial pode chegar a 73% e a diferença entre aqueles que possuem curso superior chega a 31%. 

Esses números trazem uma realidade que, como já falado muitas vezes, é “abafada” na sociedade e não acontece só no Brasil e, também, não somente com relação a brancos e negros. 

O preconceito é um dos principais motivadores dessa diferença, além das muitas outras questões que ele envolve. Racismo e xenofobia são ainda problemas estruturais que precisam ser resolvidos. 

A lei de cotas, criada em 2012, tinha como objetivo principal dar mais oportunidades para o ingresso de pessoas, estudantes de escolas públicas e de raças desprivilegiadas culturalmente no nosso país, em instituições de ensino superior. 

A lei LEI Nº 12.711, DE 29 DE AGOSTO DE 2012. entre outras disposições diz o seguinte: 

Art. 5º Em cada instituição federal de ensino técnico de nível médio, as vagas de que trata o art. 4º desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com deficiência, nos termos da legislação, em proporção ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo do IBGE. 

A lei, obviamente, foi um grande avanço, porém, como colocado no início do artigo, ainda, dez anos após, a diferença salarial entre pessoas de raças diferentes, ambas com graduação, ainda é de 31%. 

Certamente existem muitos motivos que podem ser citados para que o avanço não tenha sido maior, mas a grande verdade é que muitos deles são, infelizmente, ainda relativos ao pensamento e à atitude das pessoas sobre o tema. 

Pessoas são as contratantes, pessoas fazem os processos seletivos e, independentemente de leis, se a “cabeça” das pessoas sobre o tema não mudar, as diferenças sempre existirão. 

Mais uma comprovação de que as leis existem é a lei Lei 12990/14 que: Reserva aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União. 

Porém, ainda diante de todos os avanços, temos uma grande disparidade social que, na maioria das vezes, não permite que estudantes das classes mais desfavorecidas (e onde se encontram grande parte das diferenças raciais) cheguem ao final do Ensino Médio para, assim, fazer uso das leis de cotas. 

Como já dito, muitas são as questões e a maior parte delas estão relacionadas à forma como a sociedade encara esse tipo de situação. 

Precisamos, todos nós como sociedade, independentemente de gênero, raça, classe social, nos conscientizarmos e nos comprometermos com as mudanças que são necessárias. 

Todos sabemos que não é justo pessoas que possuem a mesma formação e atuam na mesma posição receberem salários diferentes, devido a questões que não são relacionadas à atuação profissional. 

É preciso levantar essa bandeira da igualdade salarial, assim como todos os dias outras várias são levantadas. 

Vamos dar visibilidade ao tema e buscar mudanças para os próximos anos.