A exaustão da liderança de alta performance e o início de uma nova consciência

Karina Franchini

A exaustão da liderança performática e o início de uma nova consciência.



Durante anos, cultivamos uma ideia de gestão sustentada apenas em metas, entregas e alta performance. A figura do líder forte, incansável, multitarefa e sempre disponível se tornou o padrão de referência. Só que esse tipo de liderança começa a ficar para trás, não por falta de eficiência, mas por esgotamento.



O cansaço que atravessa hoje as lideranças, não é somente, mas, de certa forma, existencial.

Liderança de alta performance como um peso

É o peso de sustentar estruturas que pedem resultados sem pausa, inovação sem tempo para pensar, e engajamento em meio ao excesso. O “líder de alta performance” virou um símbolo de resistência, mas também de desconexão: de si mesmo, dos outros e, muitas vezes, do próprio propósito educacional.

O que emerge agora é outra consciência: uma que desloca o eixo da alta performance para a presença.



Liderar consciências significa compreender que não se trata mais de “gerir pessoas”, mas de criar espaços colaborativos no quais elas possam ser inteiras. Um ambiente em que o diálogo é primeiro uma ferramenta, mas vai além ao ser usado como uma forma de estar junto e de exercer a escuta mais como estratégica do que um recurso de controle.

Liderança de alta performance ainda cabe na educação?

No contexto da educação, isso é urgente. Porque não há ensino transformador sustentado por lideranças exauridas pela alta performance. O que se pede das lideranças atualmente não é mais velocidade, mas discernimento. Não é força, mas sensibilidade. Seja no âmbito acadêmico ou operacional das instituições.



Essa regeneração da liderança começa no simples ato de se permitir desacelerar. Refletir sobre o que realmente precisa ser feito e o que apenas reproduz uma lógica que já não cabe. Significa reconstruir o trabalho como um espaço de sentido compartilhado e não meramente pelo viés de produtividade.



Talvez o desafio seja este: deixar de liderar para as pessoas e começar a liderar com elas, despertando consciência no lugar da imposição. A liderança não adoece apenas quando perde resultados, ela adoece quando perde sentido.

Como levar a mudança para as instituições?

Instituições não mudam sozinhas. São as pessoas que as transformam. Por trás de cada avanço real no ensino superior, seja ele metodológico, tecnológico ou cultural, existe uma liderança que teve coragem de mudar.



Mas coragem, por si só, não é suficiente. Ela precisa estar enraizada em um propósito claro. Porque inovar sem direção só para chegar à alta performance não surte efeito. E ações sem efeito, no ambiente educacional, atrapalham mais do que ajudam.



Liderar em educação não se trata só de ocupar cargos de decisão, mas, sim, de criar uma cultura sólida. É saber fazer escolhas que nem sempre agradam no curto prazo, mas que sustentam a coerência institucional no longo.

Desconforto como motor

Não existe inovação educacional sem alguma dose de desconforto. Mas o desconforto que transforma não é o da ruptura cega. É o da escuta ativa, da disposição em revisitar o que já parecia estabelecido, inclusive aquilo que funciona “bem demais”. Porque, no ensino superior, o que está ‘redondo’ hoje pode simplesmente não bastar amanhã.



O papel das lideranças institucionais vai muito além de buscar as tendências. É construir ambientes em que as pessoas tenham liberdade e responsabilidade para criar, testar, errar, corrigir, aprender e refinar. Inovar, aqui, não é só adotar novas tecnologias ou metodologias: é sustentar um ciclo permanente de evolução com coerência.

Menos protagonismo e mais distribuição

Uma liderança que transforma não centraliza o protagonismo: ela distribui, valorizando o pensamento estratégico, mas também o olhar sensível do coordenador que escuta alunos todos os dias. Ela investe em processos, mas entende que cultura se desenvolve na convivência cotidiana, e não em documentos ou manuais.



A pergunta que fica para quem ocupa posições de liderança no ensino superior é simples, mas nos faz pensar bastante: você está formando equipes para manter estruturas ou para desafiar limites?



Porque, no fim, a verdadeira liderança educacional não pode somente esperar o futuro chegar. Precisamos construí-lo com propósito, responsabilidade e consistência. Não há inovação sem coragem institucional. E não há coragem sem propósito.

O futuro da liderança educacional

Quando falamos sobre o futuro das instituições educacionais, é impossível ignorar a necessidade de uma liderança que pense para além das urgências do calendário acadêmico e só pela alta performance.



A educação não se transforma em ciclos curtos, nem responde bem a soluções improvisadas. Ela demanda coerência, acompanhamento e um olhar que considere o impacto das decisões no médio e longo prazos.



Por isso, a nova consciência de liderança não pode estar baseada apenas em metas imediatas, mas em uma construção contínua, que respeita os processos humanos envolvidos na aprendizagem. Liderar no ensino superior é agir com visão, reconhecendo que resultados sustentáveis nascem da maturação, não da pressa.

Essa perspectiva exige do líder a capacidade de proteger a cultura institucional de dispersões e modismos. A cada nova tendência, metodologia ou ferramenta tecnológica, é natural que surja a tentação de implementá-la rapidamente. Mas líderes conscientes entendem que inovação não é empilhar novidades: é integrar o que faz sentido, no tempo certo, com propósito claro. Essa postura mais madura evita o desgaste das equipes e preserva a credibilidade dos processos pedagógicos.

O valor da presença e das relações

Outro pilar dessa nova liderança é a presença real, não apenas física. Liderar estando presente significa perceber nuances, compreender dinâmicas que não aparecem em indicadores e cultivar relações que fortalecem a confiança. Isso se torna ainda mais relevante em instituições de ensino, onde o trabalho é profundamente relacional e onde estudantes, docentes e equipes administrativas dependem de vínculos para produzir, colaborar e aprender.

A presença também amplia a capacidade de tomar decisões mais humanas. Em vez de respostas automáticas, surgem soluções contextualizadas, que consideram trajetórias, ritmos e necessidades. E isso não reduz a eficiência, mas pelo contrário: aumenta a precisão das escolhas e reduz retrabalhos. Instituições lideradas com presença tendem a ser mais estáveis emocionalmente, mais coerentes e mais preparadas para lidar com crises.

Uma liderança que educa pelo exemplo

Por fim, a liderança educacional da nova era precisa reconhecer que ela própria é um vetor pedagógico. Cada decisão, cada reunião e cada postura comunica algo às equipes. Um líder que vive exausto normaliza a exaustão.



Um líder que se posiciona com acolhimento, escuta e criação de sentido, inspira o mesmo movimento ao redor. Liderar, nesse contexto, é também educar e esse talvez seja o maior compromisso que podemos assumir com a transformação institucional.



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