Discalculia: o que é?

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A discalculia é um transtorno específico de aprendizagem que afeta a capacidade de compreender e manipular números e conceitos matemáticos. Indivíduos com discalculia podem enfrentar dificuldades em tarefas cotidianas, como ler as horas em um relógio analógico, calcular trocos ou decorar números de telefone. De acordo com alguns estudos, estima-se que entre 3% e 6% da população mundial sofra desse transtorno.

No Brasil, a discalculia ainda é pouco conhecida e estudada. Uma pesquisa realizada em Belo Horizonte com 1.800 estudantes buscou estimar a incidência da discalculia na população brasileira e investigar os mecanismos neurológicos e genéticos associados ao transtorno.

Para entender mais sobre este tema, no post de hoje vamos explorar o que é a discalculia, seus principais sintomas, como é feito o diagnóstico, quais são os tratamentos e como a psicopedagogia pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias para melhorar o aprendizado de indivíduos com essa condição.

O que é discalculia?

A discalculia é um transtorno específico de aprendizagem que afeta a capacidade de uma pessoa em compreender e manipular números e conceitos matemáticos. Indivíduos com discalculia podem apresentar dificuldades em tarefas como contar objetos, entender símbolos matemáticos, realizar cálculos básicos e compreender conceitos de medida e tempo.

Essas dificuldades não estão relacionadas à inteligência geral ou a déficits sensoriais, mas sim a diferenças na forma como o cérebro processa informações numéricas (fonte: Instituto ABCD).

Pesquisas indicam que a discalculia tem origem neurobiológica, estando associada a alterações no funcionamento do lobo parietal, uma região do cérebro responsável pelo processamento numérico e pela percepção espacial. Estudos de neuroimagem demonstram que pessoas com discalculia apresentam padrões de ativação atípicos nessa área, o que dificulta a capacidade de estimar quantidades, associar símbolos a valores numéricos e realizar operações matemáticas simples.

Por isso, o diagnóstico precoce e a adoção de estratégias pedagógicas adequadas são fundamentais para minimizar os desafios e promover o desenvolvimento de habilidades matemáticas.

Quais são os principais sinais da discalculia?

Como foi visto, a discalculia é um transtorno de aprendizagem que afeta a capacidade de compreender e manipular números e conceitos matemáticos. Por isso, identificar os sinais precocemente é fundamental para proporcionar o suporte necessário ao indivíduo. Os sintomas podem variar conforme a idade e a fase escolar, manifestando-se de diferentes maneiras ao longo da vida.

Sinais na educação infantil:

  • Dificuldade em aprender a contar: A criança pode apresentar problemas para memorizar a sequência numérica ou pular números ao contar.
  • Problemas em reconhecer padrões simples: Dificuldade em identificar sequências ou agrupamentos lógicos, como ordenar objetos por cor, forma ou tamanho.
  • Dificuldade em associar numerais a quantidades: Desafio em entender que o numeral “3” corresponde a três objetos, por exemplo.
  • Dificuldade em entender o conceito de enumeração: Problemas para associar um número específico a uma quantidade de itens.

Sinais nos anos iniciais do ensino fundamental:

  • Dificuldade em memorizar fatos numéricos básicos: Problemas para lembrar somas simples, como 2 + 2 = 4, mesmo após repetidas práticas.
  • Uso excessivo dos dedos para contar: Dependência contínua dos dedos para realizar operações básicas, em vez de utilizar métodos mais avançados.
  • Dificuldade em identificar e usar corretamente símbolos matemáticos: Confusão com sinais como “+” e “-“, levando a erros nas operações.
  • Dificuldade em compreender linguagem matemática: Problemas para entender termos como “mais que” e “menos que”.
  • Dificuldade em entender o valor posicional dos algarismos: Confusão entre números como 12 e 21, não reconhecendo a diferença de valor entre as posições dos dígitos.

Sinais nos anos finais do ensino fundamental:

  • Dificuldade em compreender conceitos matemáticos avançados: Desafios para entender propriedades como a comutativa (3 + 5 é igual a 5 + 3) e a inversão (saber que 3 + 26 – 26 resulta em 3 sem precisar calcular).
  • Dificuldade em selecionar estratégias para resolver problemas matemáticos: Problemas para escolher métodos adequados na resolução de questões matemáticas.
  • Dificuldade em lembrar o placar em jogos e atividades esportivas: Esquecimento frequente de pontuações durante atividades lúdicas.
  • Dificuldade em calcular o preço total de múltiplos itens: Problemas para somar valores de diferentes produtos, especialmente sem auxílio de calculadora.
  • Evitação de situações que envolvem números: Tendência a evitar jogos ou atividades que requerem habilidades matemáticas.

Sinais no ensino médio e vida adulta:

  • Dificuldade em interpretar informações apresentadas em tabelas e gráficos: Desafios para extrair e compreender dados de representações visuais.
  • Dificuldade em lidar com dinheiro: Problemas para calcular troco, dividir contas ou entender juros e descontos.
  • Dificuldade em medir ingredientes em receitas: Problemas para seguir instruções que envolvem medidas precisas ao cozinhar.
  • Insegurança em atividades que envolvem velocidade, distância e direção: Dificuldade em estimar tempos de viagem, calcular distâncias ou compreender instruções de navegação.
  • Dificuldade em encontrar diferentes estratégias para resolver problemas matemáticos: Limitação na flexibilidade cognitiva para abordar questões numéricas de múltiplas maneiras.

É importante notar que esses sinais podem variar em intensidade e manifestação entre os indivíduos. A identificação precoce da discalculia permite a implementação de estratégias educacionais e terapêuticas adequadas, promovendo o desenvolvimento das habilidades matemáticas e melhorando a qualidade de vida do indivíduo.

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Qual é a relação entre discalculia e outros transtornos de aprendizagem?

A discalculia frequentemente não ocorre de forma isolada. Estudos indicam que muitos indivíduos com esse transtorno também apresentam outras dificuldades de aprendizagem, como dislexia e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade). Essa sobreposição de transtornos pode tornar o diagnóstico mais complexo, exigindo uma avaliação detalhada e multidisciplinar.

Pesquisas mostram que até 40% das crianças com dislexia também apresentam dificuldades significativas em matemática, o que sugere uma relação entre os dois transtornos. Embora a dislexia afete principalmente a leitura e a escrita, há um impacto na memória de trabalho e no processamento sequencial, o que pode dificultar a compreensão de conceitos matemáticos e a retenção de fórmulas.

Além disso, a discalculia também pode estar associada ao TDAH, uma condição que afeta a atenção, o controle de impulsos e a organização. Crianças com TDAH podem ter dificuldades para seguir sequências matemáticas, manter o foco em cálculos mais longos e compreender a lógica por trás dos números. Segundo a American Psychiatric Association (APA), cerca de 20% a 60% das crianças com discalculia também apresentam TDAH, reforçando a necessidade de um suporte educacional adaptado (fonte: MSD Manuals).

Como diferenciar?

Embora haja uma sobreposição de sintomas, é importante diferenciar a discalculia de outras condições para garantir intervenções mais eficazes. Aqui estão algumas diferenças-chave:

  • Discalculia X Dislexia: Enquanto a dislexia impacta o reconhecimento de palavras e a compreensão de leitura, a discalculia afeta o processamento numérico e a resolução de problemas matemáticos. Algumas crianças podem apresentar ambos os transtornos, necessitando de abordagens combinadas para leitura e matemática.
  • Discalculia X TDAH: Crianças com TDAH podem ter dificuldades em matemática devido à distração e à impulsividade, mas sua capacidade numérica básica geralmente não é comprometida. Já a discalculia envolve uma dificuldade específica no processamento de números, mesmo quando há atenção adequada.
  • Discalculia x Ansiedade Matemática: Algumas crianças evitam a matemática devido ao medo do fracasso, mas não necessariamente têm discalculia. A ansiedade matemática pode ser resultado de experiências negativas e não de um transtorno neurológico.

Diante dessa complexidade, um diagnóstico preciso deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, incluindo psicopedagogos, neuropsicólogos, fonoaudiólogos e especialistas em educação especial. Com o suporte adequado, é possível desenvolver estratégias eficazes para minimizar os impactos da discalculia e melhorar o desempenho acadêmico.

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A Psicopedagogia desempenha um papel fundamental no apoio a indivíduos com discalculia, pois ajuda a identificar estratégias personalizadas para o desenvolvimento das habilidades matemáticas e da confiança do aluno. O psicopedagogo avalia as dificuldades específicas de cada caso e utiliza abordagens adaptadas para facilitar o aprendizado de conceitos numéricos.

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