O mês de março é marcado pela comemoração do Dia Internacional das Mulheres, que é comemorado no dia 08, mas que acaba se estendendo devido, principalmente, às ações de marketing de muitas marcas destinadas ao público feminino.
Mas a realidade é que esse dia não é um dia comercial e não deveria ser visto somente dessa forma.
Por que o dia 08 de março foi escolhido?
No dia 08 de março de 1917, mais de 90 mil mulheres russas se manifestaram em um movimento conhecido como “Pão e Paz”. Antes delas, muitas outras já lutavam por melhores condições de vida e trabalho, principalmente na Europa e Estados Unidos.
Este dia, em São Petersburgo, tem grande importância não só na história russa, como mundial. Essas mulheres lutavam contra a fome, as más condições de trabalho e também a respeito da participação do país na Primeira Guerra Mundial. Esse protesto contra o czar Nicolau II foi um dos estopins para a Revolução Russa, que eclodiu em outubro do mesmo ano.
A revolução Russa trouxe alterações no poder da época e isso possibilitou avanços importantes relacionados à atuação das mulheres.
No dia 08 de março de 1921, foi instituído o Dia Internacional das Mulheres.
De lá para cá, muitas mudanças nesse cenário ocorreram, porém não podemos dizer que a diferença de gênero ainda não é uma questão mundial a ser diariamente vivida pelas mulheres. E que deveria ser diariamente pensada por todos.
Que, pelo menos neste Dia Internacional das Mulheres, possamos fazer as reflexões necessárias. Que não se distribuam flores, chocolates e mensagens somente porque é o senso comum, com significados vazios.
Que o dia seja usado como um momento de reflexão de fato e que, caso se deseje, se manifeste essa reflexão com agrados, porém verdadeiros.
Se faz cada dia mais necessário que as datas que se comemoram e, mais do isso, buscam trazer reflexões e reivindicações sobre temas importantes parem de ser vistas somente com viés comercial ou qualquer outro que não seja de fato o de reflexão.
Principais conquistas das mulheres no Brasil…
Podemos citar muitas conquistas das mulheres nesses 103 anos, desde que o dia foi instituído e, na verdade, até antes dele, no Brasil, por exemplo; e vamos falar delas. Mas não podemos esquecer também das muitas diferenças e situações vividas.
Em 1827 foi permitido às mulheres frequentarem as escolas e em 1879 o direito ao acesso às faculdades.
Em 1910 foi criado o primeiro partido político feminino que lutava, entre outras coisas, pelo direito das mulheres ao voto, que foi somente conquistado em 1932.
Em 1962 foi criado o Estatuto da mulher casada e, em 1977, a lei do divórcio.
Só em 1979, as mulheres conquistaram o direito à prática do futebol, grande paixão nacional.
Em 2006, uma grande conquista das mulheres foi a Lei Maria da Penha, seguida, em 2015, pela lei do feminicídio e, em 2018, a importunação sexual feminina foi considerada crime.
Em 2021 foi sancionada a lei que previne, reprime e combate a violência política contra a mulher.
Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres
Em 1979, foi aprovado pela ONU essa convenção que é considerada um Tratado Internacional. Ela entrou em vigor em 1981. Muitos países assinaram, validaram, porém muitos os fizeram com ressalvas.
No Brasil, ele foi aprovado pelo Congresso Nacional em 1983, com ressalvas, e, em março de 1984, entrou em vigor. Em dezembro do mesmo ano, as ressalvas foram retiradas e a convenção aceita na íntegra.
Leia a Convenção.
Números a serem destacados
Vejam alguns números sobre a violência contra a mulher no Brasil:
- 86% das mulheres brasileiras perceberam um aumento na violência cometida contra pessoas do sexo feminino durante o último ano de 2023.
- 71% das entrevistadas consideram o Brasil um país machista.
- 68% das brasileiras conhecem mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar.
- 27% das entrevistadas já sofreram algum tipo de agressão por um homem.
Um estudo mostrou que 84,5% das pessoas no Brasil têm pelo menos um tipo de preconceito contra as mulheres.
Em 2022, uma mulher foi morta a cada 6 horas, somando 1,4 mil mulheres mortas apenas pelo fato de serem mulheres. Um recorde no Brasil.
Esses números são além de tristes, alarmantes e mostram bem a urgência de combater a violência de gênero e promover a igualdade e o respeito às mulheres..
Vejam agora sobre o mercado de trabalho:
- Em 2022, mesmo as mulheres sendo mais escolarizadas, elas ganhavam, em média, 21% menos que os homens. A maior desigualdade é vista nas profissões intelectuais e científicas, nas quais as mulheres recebem, em média, 36,7% menos que os homens.
- Em 2020, a participação feminina no mercado de trabalho caiu para 49,45%. Em 2021, houve uma leve melhora para 51,56%, mas isso ainda é 20% inferior à participação dos homens.
- Apenas 39% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres em comparação com 61% dos homens.
- Somando o trabalho remunerado e doméstico, as mulheres costumam ter uma jornada de 54,4 horas semanais, enquanto os homens trabalham em média 52,1 horas.
Reflexões sobre a data…
Não precisamos pensar muito ao analisar essa linha do tempo e as outras informações trazidas neste artigo, para entender o porquê da necessidade de um Dia Internacional das Mulheres e de tantas outras iniciativas.
Não existiu um tempo em que as mulheres podiam e podem, de fato, serem mulheres. As lutas começam desde sempre, em todos os aspectos.
É preciso pensar em detalhes que os homens nunca pensaram, é preciso provar o valor a todo momento. Hoje, certamente, é infinitamente mais fácil e isso se deve a cada uma das mulheres que vieram antes. Mas ainda não é o que deveria ser e, pelas que estão vindo, é que se deve lutar todos os dias.
Que esse dia 8 de março de 2024 não seja só mais um Dia das Mulheres, seja mais um dia em que as mulheres conquistem tudo o que quiserem. Porque igualdade mesmo é ser quem se é e o que quiser, mas é preciso ter direito a isso.