A relação do jovem com a universidade

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Artigo escrito por Karina Franchini – Head de ensino superior do Grupo SEB

Entre tudo o que vi ao longo do ano sobre educação, em especial ensino superior, gostei bastante de um estudo completo do Globo que li sobre os interesses (e a jornada completa) dos jovens brasileiros que, hoje, miram o diploma universitário.

O que impacta na decisão dos futuros universitários?

O material é interessante por várias razões, entre muitos números e informação, mas em principalmente por aspectos sobre as “escolhas” em um momento em que a formação acadêmica concorre como nunca antes com cursos livres, conteúdos de redes sociais e até trajetórias de sucesso profissional que não necessariamente passam por uma faculdade.

Destaco abaixo, em tópicos rápidos, o que mais me chamou atenção, para deixar como reflexão àqueles que também se interessam pelo comportamento dos nossos futuros alunos.

O Globo ouviu, no total, 1.300 jovens aspirantes a calouros nas universidades.

Modelo de qualificação profissional

– Dos entrevistados, 52% sempre tiveram a certeza sobre cursar uma graduação, enquanto 48% chegaram a duvidar em alguns momentos.

– Embora boa parte dos jovens tenham questionamentos sobre os modelos dos cursos atualmente, a maioria acredita que o caminho para progredir rumo a uma carreira de sucesso passa pelos estudos.

– 64% têm a clareza de que, independente do formato de qualificação (graduação, técnico ou curso livre), as oportunidades são maiores e surgem para os profissionais mais capacitados.

– Entre os ouvidos, a maior parte considera que os cursos técnicos são uma boa opção para o ingresso mais rápido no mercado de trabalho.

Principais áreas de interesse

Entre as diferentes opções de modelos, os campos de mais interesse dos jovens, atualmente, são:

1. Idiomas; 2. Ferramentas Específicas; 3. Tecnologia, desenvolvimento e software; 4- Desenvolvimento pessoal; 5 – Finanças e contabilidade.

Diploma ainda é o sonho

Embora por vezes se questionem, a lista de sonhos dos entrevistados é encabeçada pelo diploma universitário, por razões como:
– Pressão social;
– Vagas de estágios e/ou outras ocupações profissionais;
– Mais sucesso;
– Maior retorno financeiro.

O que eles querem

– 77% dos jovens desejam que as instituições de ensino repensem as metodologias para dar mais protagonismo ao estudante na aprendizagem;
– 68% veem as edtechs com um papel importante no desenvolvimento pessoal e da carreira;

– 43% entendem que a tecnologia traz novas experiências aos alunos nas salas de aula; 31% acreditam que ela personaliza mais os processos de estudos; e 31% pensam que ela deixa o aprendizado mais fluido e rápido.

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Influência sobre a decisão dos jovens

41% – pais;

29% – professores;

28% – amigos;

21% – imagem e credibilidade da instituição;

18% – comunicação da própria instituição de ensino.

A jornada do jovem até a universidade

Na sequência, o estudo mostra um pouco sobre a jornada dessa escolha dos estudantes, em quatro tópicos, até o processo seletivo.

1) Curso

No topo das considerações sobre qual carreira escolher estão questões ligadas a propósito e vocação, seguidos pelas motivações financeiras: 42% identificação com as atividades; 42% sentimento de vocação; 39% gastos e hobbies; 32% habilidades e preferências; 31% financeiro.

Em outra abordagem, grande parte dos entrevistados (57%) acredita que cursos tecnólogos atendem bem às necessidades do mercado atual. 40% veem nos pais a ajuda que precisam para realizar a escolha, e 32% creem que a família só se satisfaz com os cursos mais tradicionais.

Ainda vale citar, neste item, que quase um terço dos jovens dizem não saber exatamente qual é a rotina da profissão que querem seguir.

2) Modalidade

A escolha pelo presencial ainda se sobressai, mas a educação a distância vem ganhando cada vez mais atenção, especialmente com a possibilidade de um modelo híbrido, com um cenário de preferência de:

– Presencial: estudantes 51% e pais, 49%;
EAD: estudantes 15% e pais, 9%;
– Híbrido: estudantes 35% e pais, 42%.

O presencial ainda é o favorito por questões como experiências importantes; vivência em sala de aula com professores e colegas; dificuldade em se motivar em um modelo 100% a distância. A EAD, contudo, é vista por quase a metade de jovens e pais como o futuro da educação, que dizem gostar da ideia de poder fazer parte de instituições que não estão próximas geograficamente.

Instituição

Apesar de as faculdades públicas (73% da preferência) ainda serem o sonho de consumo no ensino superior, o interesse pela rede privada (55%) cresceu significativamente nos últimos anos, com destaque para a chegada das edtechs (25%).

A escolha pela instituição, hoje, leva em conta: valor da mensalidade; avaliação do MEC; reputação e credibilidade; localização (para o presencial); metodologia e grade curricular; reconhecimento no mercado de trabalho.

À parte das características das próprias IES, chamam atenção também a influência de amigos e parentes — que são fonte de sustentação para a escolha de 32% dos entrevistados do Globo — e o planejamento financeiro para arcar com os custos de uma Graduação particular.

4) Formas de ingresso

Por fim, a maneira de ingressar fecha o ciclo dessa jornada. Já há alguns anos, o ENEM se consolidou como o principal método para a entrada ao ensino superior privado no Brasil:

ENEM: 70%;
Vestibular: 56%;
– Transferência de matrícula: 10%.

É legal finalizar mencionando que a maioria dos jovens vê a necessidade de uma reformulação da prova do ENEM e quase a metade deles usa o exame para outros fins, com diferentes oportunidades em vista.

Como se conectar com o jovem universitário?

Quem não é visto não é lembrado”: uma das máximas mais clássicas da publicidade, que se aplica para quase todas as áreas, também se encaixa perfeitamente no âmbito do ensino superior, em especial na rede privada.

Se as instituições querem atrair os jovens, porém, não basta simplesmente aparecer para eles, mas criar uma conexão genuína nos tão falados dias líquidos em que vivemos.

Do que foi publicado no estudo sobre esse recorte da publicidade, coloco aqui o que mais me interessou, e vale lembrar que as consultas foram feitas com adolescentes, donos dos próprios futuros, e também com os pais, tão influentes nas escolhas dessa fase da vida.

A publicidade importa

  • Praticamente a metade dos jovens (47%) diz que a publicidade é relevante para a escolha de uma faculdade;
  • 38% deles acreditam que as instituições mais conhecidas são as melhores (awareness e autoridade);
  • Um em cada quatro entrevistados crê que as IES mais ativas em ações publicitárias são mais confiáveis;
  • Também um quarto dos jovens vê empresas que usam celebridades em anúncios e atividades como mais saudáveis financeiramente.
  • 49% dos pais (também beirando a metade) gostam de ver as instituições nas quais os filhos pretendem estudar em peças publicitárias;
  • 42% dizem que as instituições mais conhecidas são as melhores (awareness e autoridade de novo);
  • 31% (mais do que os jovens) creem que as IES mais ativas em ações publicitárias são mais confiáveis;
  • Um em cada quatro acredita que as empresas que usam celebridades são mais saudáveis financeiramente.

Internet x TV

Não é segredo para ninguém que as pessoas, hoje, estão mais atentas à internet que aos meios de comunicação tradicionais (ainda importantes, de certa forma). Na proporção da pesquisa do Globo, a disputa entre o online e a TV aberta fica em:

– Importância para os jovens: 98% internet x 72% TV;
– Importância para os pais: 93% internet x 81% TV.

Temas de interesse

Figuram entre como as principais área de atenção dos jovens trazidas pelo estudo:
Entretenimento; Internet; Games; Educação (olha ela aí); Esportes; Tecnologia; Gastronomia e culinária; entre outras.

Já no caso dos pais, o top dez tem: Noticiários nacionais; Gastronomia e culinária; Noticiários internacionais; Esporte; Humor; Novelas; Finanças; Estudos acadêmicos e Tecnologia; Política; Arte, Cultura e Literatura.

Descontos x conteúdo de valor

Para finalizar o que curei de mais legal, bolsas de estudos e promoções, sem dúvida, despertam o interesse por uma instituição e seus cursos, mas deixar a comunicação voltada apenas para isso não é boa para a impressão de jovens e pais sobre a instituição, fazendo com que perca-se pontos na reputação.